Quais são os próximos passos do Vaticano após a morte do papa Francisco
- Saimon Ferreira
- há 3 dias
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Com a confirmação da morte do pontífice, a Santa Sé inicia um período de transição marcado por ritos fúnebres solenes e a complexa eleição de seu sucessor

Com a confirmação da morte do Papa Francisco nesta segunda-feira, 21, o Vaticano inicia um período de transição marcado por ritos fúnebres solenes e a complexa eleição de seu sucessor através do Conclave. Entenda os próximos passos desta importante fase para a Igreja Católica.
Primeiro passo
O primeiro passo após o falecimento do pontífice é a constatação oficial da morte, uma responsabilidade formal do camerlengo, atualmente o cardeal irlandês-americano Kevin Joseph Farrell. Tradicionalmente, esse procedimento envolvia bater um martelo de prata na testa do papa, mas essa prática não é mais utilizada desde 1958. Após a declaração oficial, o camerlengo remove e quebra o Anel do Pescador do Papa e destrói o selo papal, simbolizando o fim de sua autoridade.
Comunicação oficial
Em seguida, o camerlengo comunica o falecimento aos oficiais da Cúria Romana e ao decano do Colégio dos Cardeais. Ele também sela os aposentos e o escritório do papa no Vaticano para garantir a integridade desses espaços até a eleição do novo líder da Igreja.
Sede vacante
A Igreja então entra no período conhecido como Sede Vacante (do latim sedes vacans, trono vazio), que no direito canônico da Igreja Católica corresponde ao período em que a Sé episcopal está sem ocupante. Durante este tempo, o governo da Igreja é temporariamente confiado ao Colégio dos Cardeais para o despacho de assuntos ordinários e inadiáveis, bem como para a preparação da eleição do novo papa. O camerlengo supervisiona a administração do Vaticano com a assistência de três cardeais.
Exéquias
O Vaticano se prepara então para as Exéquias, o período de luto oficial que dura nove dias (novendiales). Durante esse período, missas diárias são celebradas em homenagem ao papa falecido.
Funerais
O funeral propriamente dito é organizado pelo camerlengo em consulta com outros cardeais e costuma ocorrer entre o quarto e o sexto dia após a morte. A expectativa é que a cerimônia fúnebre do papa Francisco seja realizada na Praça de São Pedro, atraindo fiéis e líderes de todo o mundo. O rito será conduzido pelo decano do Colégio dos Cardeais, atualmente o cardeal Giovanni Battista Re. É importante notar que o papa Francisco implementou reformas para que seu próprio funeral fosse mais simples. Tradicionalmente, os papas são sepultados nas Grutas do Vaticano, sob a Basílica de São Pedro.
Convocação para o conclave
Paralelamente aos ritos fúnebres, inicia-se o processo de convocação do conclave, a reunião dos cardeais eleitores para escolher o novo papa. O Colégio Cardinalício deve se reunir em conclave entre 15 e 20 dias após a vacância da Sé Apostólica. A data exata pode ser definida pelo próprio Colégio, mas não pode ultrapassar 20 dias da morte do papa.
Conclave
O conclave acontece no Vaticano, em local que garanta o isolamento dos cardeais, tradicionalmente a Capela Sistina. Apenas os cardeais com menos de 80 anos na data da morte do Papa têm o direito de votar. Durante o Conclave, os cardeais ficam totalmente isolados do mundo exterior, sem comunicação telefônica, acesso à internet ou qualquer contato externo, prestando juramento de confidencialidade.
Votação
As votações ocorrem duas vezes ao dia, pela manhã e à tarde. Cada cardeal escreve o nome de seu escolhido em uma cédula secreta. Para ser eleito Papa, um cardeal precisa obter pelo menos dois terços dos votos dos cardeais presentes. Após cada votação, as cédulas são queimadas. Se a votação não resultar em um novo papa, um composto químico é adicionado para produzir fumaça , sinalizando aos fiéis reunidos na Praça de São Pedro que a eleição ainda não foi concluída. Quando um candidato alcança a maioria necessária e aceita a eleição, as cédulas são queimadas produzindo fumaça branca, anunciando ao mundo “Habemus Papam!” (do latim temos um papa!).
Confirmação
O Decano do Colégio dos Cardeais então pergunta ao eleito se ele aceita o cargo e qual nome papal escolheu. Após a aceitação, o novo papa aparece na varanda central da Basílica de São Pedro para se apresentar e conceder a bênção Urbi et Orbi (à cidade de Roma e ao mundo). Todo o processo do Conclave é regido por normas específicas, sendo um dos documentos mais importantes a Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis, promulgada por São João Paulo II, que detalha os procedimentos para a vacância da Sé Apostólica e a eleição do Romano Pontífice.
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